SOMOS O QUE PENSAMOS
que a consciência determina, de fato, o nosso estado de saúde. O mérito da comprovação
é da psiconeuro-imunologia, que estuda a relação entre
pensamentos, emoções, comportamento e
Os resultados das pesquisas confirmam
Por Hans Grünn
Joan Kroc, viúva do fundador
da cadeia de lanchonetes McDonald's, doou em 1989 dois milhões de
dólares à Universidade de Los Angeles para que cientistas
de vários campos possam pesquisar de que modo a alma é capaz
de fazer adoecer ou curar o corpo. Assim partindo dos hambúrgueres
se construiu na Califórnia a ponte para a medicina integral. Reunir
o grupo de dez cientistas que começou essas pesquisas seria inimaginável
alguns anos atrás, quando uma conversa entre imunologistas, especialistas
em câncer e neurologistas, de um lado, e psiquiatras e psicólogos,
de outro, dificilmente chegaria a um denominador comum.
Mas os tempos mudaram. Hoje existem muitos pontos de contato entre eles, graças a um novo campo de pesquisas que se está espalhando rapidamente pelos Estados Unidos a psiconeuro-imunologia. Esse novo campo de pesquisas une o que, até agora, escava totalmente separado na medicina. O que tem a ver a alma de uma pessoa, seus pensamentos, emoções e comportamento com seu sistema imunológico, aquele importante guardião da saúde? Ainda há pouco essa questão era ridicularizada pelos especialistas. Durante décadas foram concentrados esforços internacionais em desvendar, passo a passo, os segredos das células imunes (as responsáveis pela defesa do organismo, como os glóbulos brancos). No fim, os especialistas chegaram à conclusão de que o sistema imunológico, depois do cérebro, é o sistema mais complicado do corpo e desenvolveu, relacionando-se com milhões de germes hostis, uma precisão letal. De resto assim se pensava, ele era autônomo. Todas as células entendiam tão bem seu serviço que nenhuma delas precisava de conselhos de ninguém. Pensamentos, emoções e tudo que acontecia na cabeça não tinham nada a ver com o sistema imunológico assim parecia. Tal conceito estava totalmente de
acordo com o paradigma da medicina ortodoxa. Até pelo menos 400
anos o dualismo corpo alma era um axioma, segundo o qual as moléstias
surgem apenas por causa de deslizes no plano físico e não
têm nada a ver com a consciência.
A mudança veio por assim
dizer do cosmos. Durante a missão Apollo III, uma explosão
a bordo colocou em perigo a volta à Terra e os astronautas ficaram
extremamente estressados.
Os médicos da Nasa descobriram
que a quantidade de células imunes diminuíra bastante, e
dois dos três astronautas estavam com uma resistência tão
baixa que ficaram com gripe. Será que foi o estresse que reduziu
o número de células imunes? Será que o sistema imunológico
não é autônomo?
A importância do "acaso" No fim dos anos 70 se abandonou
definitivamente a hipótese da autonomia do sistema imunológico
e também aqui o "acaso" teve um papel predominante. Quando começou
uma experiência bem comum com camundongos, o psicólogo Robert
Ader, da Universidade de Rochester, no Estado de Nova York, sequer sonhava
que estava perto de descobrir a relação entre psique e sistema
imunológico. Desde as pesquisas com cães feitas pelo vivisseccionista
russo Pavlov, essa é uma experiência padrão nas pesquisas
psicológicas. Ader ensinou os animais a rejeitar água com
açúcar, colocando na água uma substância que
causava enjôo: ciclofosfamida. Os camundongos aprenderam depressa.
Depois da primeira dose da mistura eles associavam uma coisa com a outra
e rejeitavam a água açucarada. Ader tirou então o
medicamento e, com o tempo, os camundongos começaram novamente a
confiar na água com açúcar.
Após algumas semanas, porém, muitos camundongos adoeceram e alguns morreram o que era totalmente inesperado e misterioso por se tratar de camundongos saudáveis e novos. Será que o medicamento também enfraquecera o sistema imunológico dos animais? Improvável, pois eles haviam tomado apenas uma dose da substância, o que não podia ter tido resultados tão negativos. Ader teve então uma idéia brilhante. Da mesma forma que aquela única dose causou durante tanto tempo uma aversão às doses de água com açúcar, o sistema imunológico ficou enfraquecido durante muito tempo, o que somente podia ter sido causado pela reação psicológica ao medicamento. Os camundongos aprenderam a associar a mistura ao enjôo; cada vez que bebiam o líquido, o estado psicológico ligado à rejeição levava os a um enfraquecimento contínuo do sistema imunológico, até ficarem doentes e morrerem. A conclusão era óbvia:
o sistema imunológico é condicionável. Já que
reage ao poder do costume, devia ser influenciável pelo cérebro.
Com isso, foi se o mito da sua autonomia e nasceu a psiconeuro-imunologia.
Diante disso, a medicina ortodoxa se cala com orgulho. Ela não considera a consciência como algo sério! Mas, se nos dirigimos a um naturopata, a um homeopata, acupunturista ou médico espiritualista, recebemos quatro respostas diferentes. Todos falam de energias, mas cada um de uma energia diferente. E, no fundo, ninguém sabe o que quer dizer "energia". O sistema interligado Tampouco a psiconeuro-imunologia
tem respostas claras. Mas o que ela postula nos últimos anos é
fascinante: qualquer coisa acontecendo no cérebro é observada
pelo sistema imunológico. Se se trata de estresse, desespero ou
de bem estar e felicidade, as células imunes sabem - e, dependendo
do caso, sua ação é diminuída ou aumentada.
Os mensageiros das informações para o cérebro/sistema
imunológico trabalham com substâncias pequeninas: os neurotransmissores
e os peptídios. Até agora foram descobertos mais ou menos
70 deles, mas provavelmente existem algumas centenas. Eles são produzidos
pelo cérebro (a maior "glândula" do corpo) e se instalam em
determinados lugares, chamados "receptores", na superfície das células
imunes.
O cérebro "ouve" tudo que acontece no sistema imunológico. Mas, como sabemos hoje, as células cerebrais e os glóbulos brancos falam a mesma língua molecular e sabem tudo uns sobre os outros. Porque a criação das substâncias transmissoras não é monopólio do cérebro: o sistema imunológico também é capaz de produzir hormônios de "estresse", liberando até a endorfina, analgésico próprio do corpo. Do mesmo modo, dos intestinos, estômago ou rins são liberadas substâncias transmissoras que influenciam nossas emoções e pensamentos. Literalmente, emoções têm pouco a ver com a cabeça, e mais com a barriga. Aquela totalidade tão freqüentemente postulada já assume agora formas concretas. Através dos neurotransmissores e dos peptídios, tudo é ligado a tudo. As conseqüências dessa descoberta são revolucionárias. Um corpo capaz de influenciar o cérebro, cuja atividade pode ser observada por cada célula esta fantástica rede psicossomática não tem mais muito a ver com o organismo tratado pela medicina ortodoxa. A divisão em sistema nervoso, imunológico, digestivo, hormonal, em todo caso, vale apenas parcialmente. Até Candice Perth, uma hiperortodoxa bióloga molecular, conhecidíssima nos EUA, já fala em body mind (corpo mente). Também aqui as paredes estão desmoronando... Mas o cavalo tem um cavaleiro. Como a consciência interfere nesse processo? Como começa aquela reação em cadeia psiconeuroimunológica? Como o cérebro traduz nossos pensamentos e emoções num padrão de neurotransmissores e peptídios? A resposta ainda é a de sempre: não sabemos. Porém, estamos mais próximos de descobrir o segredo. O mais fascinante das substâncias transmissoras moleculares é que elas são flexíveis e diferenciadas o bastante para projetar imediatamente processos mentais no nível físico. São os mensageiros sutis do corpo, agindo nas fronteiras entre os mundos. O que está em cima é igual ao que está embaixo diz a sabedoria hermética dos antigos. O que pensamos ou sentimos se projeta imediatamente no padrão dos neurotransmissores. A psicocinese (o poder de mover objetos através da força de vontade), por exemplo, é para o cérebro uma coisa comum. O corpo reflete a mente Sem dúvida alguma, nossos pensamentos formam a realidade material do cérebro. Já constava nos Vedas: o corpo é a projeção de nossa consciência, e muitos biólogos moleculares modernos estão de acordo. Pelo menos no campo molecular, somos o que pensamos... Ficam, porém, as questões: que pensamentos, emoções, atitudes fortalecem o sistema imunológico, preservando a nossa saúde, e quais nos fazem adoecer? Temos realmente mais saúde se estamos felizes, apaixonados, bem casados, com bons amigos e uma profissão que nos interessa? Como reage aquele sistema imunológico quando desabafamos, choramos ou rimos de todo o coração? Qual a atitude certa de encarar uma doença grave? Uma pesquisa feita na Universidade Stanford, na Califórnia, com pacientes sofrendo de poliartrite, deu resultados bem interessantes. Essa doença se desenvolve com um aumento constante das dores nas juntas, limitando cada vez mais os movimentos dos membros. Os pacientes foram informados detalhadamente sobre seu estado de saúde, fizeram exercícios de relaxamento físico e aprenderam técnicas para dominar melhor as dores atrozes. O curso teve bons resultados, as dores diminuíram e os pacientes conseguiram se movimentar cada vez melhor. Diante disso, os pesquisadores se perguntaram: Por quê? Informação, relaxamento, exercícios ou o controle das dores? E descobriram, surpresos, que nenhum desses fatores teve uma influência predominante. Na verdade, os resultados positivos surgiram principalmente da convicção de que ele (o paciente) era capaz de melhorar o próprio estado de saúde e vencer a doença. Assumindo a própria vida Mas esperança e outras atitudes positivas são apenas características que estimulam a capacidade de autocura. Também a maneira certa de lidar com o estresse é importante. Quem assume a responsabilidade pela própria vida, quem vê os problemas como desafios não adoece, mesmo em situações difíceis. Mas a lista de fatores positivos é ainda mais longa: amigos, bons contatos sociais, senso de humor, especialmente a capacidade de rir de si mesmo, atitude otimista, capacidade de desabafar e, é claro, o amor. Em uma outra pesquisa, o psicólogo
David McClelland, da Universidade Harvard, assistiu com seus alunos a um
filme de madre Teresa de Calcutá mostrando seu trabalho com os pobres
e doentes daquela cidade indiana. Todos os estudantes ficaram profundamente
impressionados, como provou o exame do sistema imunológico de cada
um. A globulina de imunidade A (IgA), um anticorpo responsável pela
destruição de infecções nas vias respiratórias,
tinha aumentado fenômeno que McClelland chama de "efeito
madre Teresa".
Um filme sobre o huno ‘Átila’
não conseguiu, em todo o caso, competir com madre Teresa. Quando
os estudantes assistiram àquele filme, a ação dos
anticorpos IgA diminuiu. Mas mesmo esse tipo de filme não tem uma
influência tão nefasta. O cenário que nos faz adoecer
é diferente. Quem não tem mais esperança, não
vê mais sentido na vida, está deprimido e pessimista; quem
se estressa e cansa facilmente sobrecarrega o próprio sistema imunológico.
Também a solidão faz mal. Sabemos que viúvos, especialmente
no primeiro ano após a morte da esposa, adoecem e muitas vezes morrem.
Pesquisas mostram, nesses casos, o enfraquecimento do sistema imunológico.
A medicina ortodoxa não pode mais deixar de enfatizar, como fez até agora, a importância das energias autocurativas. O médico não deve apenas prescrever remédios, mas também exercícios de relaxamento, auto hipnose, meditação, visualizações ou treinamento mental. Porque os dados científicos mostram justamente esse caminho. Franz Ingrelfinger, ex editor da revista New England Journal of Medicine, calcula que 80% de todas as doenças se curam sozinhas. E com isso ele não quer dizer gripes leves ou dores de cabeça e nas costas, causadas pelo "estresse", mas até doenças bastante graves como ataque cardíaco, artrite e câncer. Tratamentos psicológicos
e espirituais estão na moda e com muita razão. Na medicina
ortodoxa eles foram ignorados durante muito tempo. Mas cuidado: nem eles
mesmos têm um papel predominante na cura da doença. Quem acredita
na cura total, integral, deve levar em conta a vida toda: desde os genes
até as emoções; desde as bactérias até
a profissão; desde os remédios até o pensamento positivo;
desde a higiene até a esperança; desde a obesidade até
a poluição; desde a alimentação até
a iluminação. Freqüentemente não encontramos
respostas simples. Aqueles que dão mais valor à consciência
que à matéria não devem cair em outra armadilha: a
idéia de que sua saúde depende exclusivamente do pensamento
positivo para poder modificar o mundo material da maneira que quiser. Caso
contrário, acabará batendo com a cabeça contra a parede,
o que não é, definitivamente, bom para a saúde...
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Instituto de Pesquisas Psíquicas
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